João Manso Neto, CEO
2021 foi um ano marcado por mudanças na Greenvolt.
Como descreveria este exercício?
2021 foi um ano histórico para a Greenvolt, a todos os níveis. A Empresa foi reestruturada e definimos um posicionamento de mercado inovador, consistindo numa estratégia diferenciadora com uma trajetória de crescimento ambiciosa mas realista. O reconhecimento do mercado materializou-se no sucesso da nossa entrada na bolsa por meio da bem-sucedida OPI na bolsa portuguesa e da rápida promoção da Greenvolt ao respetivo índice de referência, o PSI-20.
Este ano foi marcado pela materialização da estratégia definida, com várias aquisições e acordos de parceria que permitiram à Greenvolt expandir a presença no mercado europeu, levando à entrada no mercado Americano.
Os primeiros passos já foram dados. E os resultados já se veem: a Empresa registou um aumento substancial no volume de negócios. O EBITDA ajustado quase duplicou. Apresentou um lucro líquido ajustado positivo de 11,9 milhões de euros aos acionistas.
Estes valores, que não poderiam ter sido alcançados sem uma excelente equipa de profissionais com anos de experiência no setor das energias renováveis, são a prova aos nossos investidores de uma estratégia bem planeada que continuará a ser implementada.
O reconhecimento está patente na forte valorização que a Greenvolt tem registado desde que se tornou pública, com uma valorização superior a 30 % no final de 2021, e no sucesso no financiamento nos mercados de capitais utilizando a «dívida verde».
Fomos uma das primeiras empresas portuguesas a emitir obrigações verdes, com a segunda emissão em 2021, de 100 milhões de euros, na qual a procura excedeu em mais de 50 % a oferta inicialmente prevista.
Quais são os principais pilares da estratégia de diferenciação da Greenvolt?
A estratégia da Greenvolt apresenta três eixos primários: a biomassa residual renovável, o desenvolvimento de projetos de energia solar e eólica e a produção distribuída.
A génese da Greenvolt é a biomassa residual renovável. A Empresa tem mais de 15 anos neste segmento de mercado, sendo líder de mercado em Portugal e um operador de referência na Europa. A biomassa residual é um combustível renovável que se enquadra bem na produção de eletricidade. Além disso, gera externalidades muito positivas para as comunidades onde se situam as centrais industriais e para o país como um todo: por um lado, incentiva a limpeza das florestas por meio do desenvolvimento de mercados locais de biomassa, e, por outro, ao contribuir para práticas florestais mais adequadas, é considerada um poderoso agente atenuante contra os incêndios florestais sazonais que assolam Portugal todos os verões.
Para além da biomassa, a Greenvolt está presente no segmento de mercado mais tradicional das energias renováveis – o da energia solar e eólica – mas optou por operar principalmente na parte mais a montante da cadeia de valor: o desenvolvimento de projetos. Esta área de operação, que é menos intensiva no que respeita ao capital mas muito exigente relativamente ao conhecimento e à experiência, abrange todas as atividades, desde a conceção do projeto à respetiva autorização ou construção.
A produção distribuída de energia é uma área com elevado potencial de crescimento para a Greenvolt. A produção distribuída de energia é uma área com elevado potencial de crescimento para a Greenvolt. Portugal tem um dos mais altos níveis de irradiação solar da Europa e uma das mais baixas taxas de penetração de produção distribuída de energia, pelo que faz todo o sentido investir neste setor por meio de fontes solares fotovoltaicas, essencialmente destinadas ao autoconsumo, utilizando um conjunto de espaços muito abundantes e praticamente inutilizados: os telhados.
Na Europa, decorre um debate sobre a classificação dos tipos de biomassa. Por exemplo, que tipos de biomassa utiliza a Greenvolt?
A Greenvolt tem um princípio fixo: utilizamos apenas biomassa residual para produzir eletricidade. Em Portugal, utilizamos biomassa florestal residual e no Reino Unido, biomassa urbana residual. Acredito que a biomassa é uma tecnologia que faz sentido e que tem futuro, desde que a biomassa adequada seja utilizada – isto é, a biomassa que não tem outra utilização; além disso, se não for utilizada para produzir energia elétrica, poderá ter consequências muito graves, tais como incêndios florestais.
Por conseguinte, torno a afirmar que a utilização da biomassa residual, quer florestal quer urbana, faz todo o sentido.
O debate na Europa está principalmente relacionado com este conceito de resíduo. Para nós, faz sentido: a biomassa utilizada para a produção de eletricidade não deve ter uma alternativa com maior valor acrescentado – o princípio do valor da biomassa em cascata – e deve ser um gerador de externalidades positivas, tendo em conta as especificidades de cada região ou país. Em contrapartida, no caso do Reino Unido, onde os aterros serão proibidos a partir de 2025, a utilização da biomassa para a produção de eletricidade possibilita a valorização de um derivado inútil.